Amistosos reforçam a ascensão do futebol feminino no Brasil

O país do futebol tem, agora, a oportunidade de ser também o país da equidade dentro dos gramados

Seleção brasileira de futebol feminino
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Jogos contra o Japão atraíram grandes públicos em São Paulo e em Bragança Paulista; na imagem, as jogadoras da seleção brasileira de futebol feminino
Copyright Lívia Villas Boas/CBF (Confederação Brasileira de Futebol)- 2.jun.2025

Tive o prazer de estar presente nos 2 amistosos da seleção brasileira feminina contra o Japão. O 1º, na 6ª feira (30.mai.2025), na Neo Química Arena, em São Paulo, com mais de 33.000 torcedores e transmissão em TV aberta para todo o país. O 2º, na 2ª feira (2.jun.2025), em Bragança Paulista, com ingressos esgotados e uma atmosfera contagiante.

Como profissional de marketing esportivo, não saí só impressionado com o desempenho em campo, mas, principalmente, com tudo o que estava ao redor dele. Ver arquibancadas cheias, famílias inteiras torcendo juntas, crianças vibrando a cada lance e um público genuinamente engajado reforça algo que, há tempos, vem ganhando corpo: o futebol feminino está conquistando um espaço cada vez mais consolidado na paixão do torcedor brasileiro. E o melhor disso tudo: está em plena ascensão.

O ambiente tanto em São Paulo quanto em Bragança foi inspirador. Uma atmosfera positiva, segura, acolhedora e, ao mesmo tempo, apaixonada. Elementos que, somados, criam um produto esportivo valioso, não só do ponto de vista simbólico, mas também de mercado.

Marcas de diferentes segmentos estiveram presentes nos jogos, associando suas imagens a um momento de crescimento e propósito. É o tipo de conexão que vai além da visibilidade: trata-se de participar ativamente de um movimento transformador dentro do esporte nacional.

É importante lembrar que o futebol feminino é, também, uma poderosa ferramenta de representatividade. Cada jogadora em campo carrega não só sua performance esportiva, mas também um símbolo de superação e conquista social.

É uma presença que rompe estereótipos, inspira novas gerações e amplia o entendimento do que é ser protagonista dentro e fora das 4 linhas. Em um país com histórico de desigualdade de gênero em diversas esferas, o fortalecimento do futebol feminino tem um papel que transcende o entretenimento.

Basta ver toda a emoção da jovem atacante Johnson, de 19 anos, autora do gol da vitória no jogo de Bragança Paulista já nos minutos finais, e que desabou em lágrimas quando foi entrevistada logo depois da partida. A pureza de suas palavras e de sua emoção, com certeza, também fez muita gente chorar em casa. E essa genuinidade é algo muito marcante no futebol feminino, pois a história é construída por diversas mulheres que, década após década, lutam para serem vistas e reconhecidas.

Outro ponto de destaque foi a transmissão dos 2 jogos para todo o Brasil, sendo 1 deles em TV aberta, na Globo, com índices sólidos de audiência no horário nobre de uma 6ª feira, os melhores em São Paulo, desde 2023, e Rio, desde 2019. Isso sinaliza, de forma prática, que há demanda e interesse real do público.

Para quem trabalha com esporte, mídia e comunicação, é impossível ignorar o peso dessa informação. Investimento em visibilidade dão retorno. E quanto mais telas estiverem voltadas para o futebol feminino, mais ele se consolidará como produto e narrativa relevante.

Por isso, tem sido animador e importante o posicionamento de Samir Xaud, novo presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), que tem citado em todas as suas entrevistas que o futebol feminino será tratado com muito carinho, profissionalismo e responsabilidade em sua gestão.

O Brasil vive hoje, de fato, um momento estratégico no desenvolvimento do futebol feminino. Há uma onda positiva em curso com clubes estruturando melhor suas equipes, competições ganhando mais calendário e cobertura, torcedores se engajando e patrocinadores começando a enxergar o real valor deste movimento.

Tudo isso tende a se intensificar com a chegada da Copa do Mundo Feminina de 2027, que será sediada no Brasil. Um marco que pode acelerar transformações profundas não só no esporte, mas também na forma como mulheres são vistas e tratadas dentro dele.

Esse é o momento ideal para que marcas, entidades e profissionais do setor olhem com mais atenção para o futebol feminino não como uma pauta paralela, mas como uma plataforma rica em possibilidades de conexão, impacto social e construção de legado.

O país do futebol tem, agora, a chance de ser também o país da equidade dentro dos gramados.

autores
Rene Salviano

Rene Salviano

Rene Salviano, 49 anos, é CEO da agência Heatmap. Especialista em marketing esportivo há mais de duas décadas, tem cases de patrocínios e ativações em grandes eventos, como Olimpíadas, Copa do Mundo, Campeonato Brasileiro, Superliga de Vôlei, Copa Libertadores e Copa do Brasil. Escreve para o Poder360 semanalmente aos domingos.

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